20 de março de 2010

Especial: Maysa em Jazz

Maysa em Jazz


Hoje vamos falar um pouco das versões standards de Maysa. Pouca gente sabe mas ela tinha uma grande veia jazzística, vamos tentar desvendar a face jazzística da cosmopolita Maysa.


Primeiramente é necessário esclarecer que até hoje no Brasil nunca se viram vozes como a de Maysa que transitam tão bem dos ritmos nacionais até os mais distantes como a Chanson Française e o bolero. Pois ela era assim. Fluente em 5 idiomas com uma desenvoltura assustadora, uma pronúncia elegante e refinada, notável pela total ausência de sotaque, Maysa interpretava clássicos do bolero á exemplo de La Barca assim como espantava cantando I’Ve Got You Under My Skin, uma das maiores canções do jazz.


Desde o segundo álbum, Maysa já demonstrava sua face internacional ao cantar em outros idiomas quando incluiu as estrangeiras To The End Of The Earth e Un Jour Tu Verras no LP. A primeira é um dos maiores clássicos de Beguine, grande sucesso na voz de Nat King Cole. A segunda por sua vez é uma das maiores letras da Chanson Française, composta por um nome do peso de Moloudji, que anos depois se derramou em elogios á Maysa.

Dali a dois anos não havia como não se espantar com uma surpreendente Maysa cantando 4 gravações inéditas de diferentes idiomas em um compacto de 1959. Eram elas a norte-americana Get Out Of Town do grande Cole Porter, a francesa Chanson D’Amour, a italiana Malatia e pasmem: ela desencavou do folclore turco Uska Dara, uma gravação inédita e muito pouco conhecida de sua discografia.

Em Maysa, Amor...e Maysa de 1961 ela registrou a glamourosa I Love Paris de Cole Porter, grande sucesso da Broadway.

No mítico disco norte-americano Sings Songs Before Dawn Maysa interpretava clássicos da música norte-americana em uma releitura de grandes sucessos do Jazz Standard como You Better Go Now, When Your Lover Has Gone , The End Of a Love Affair e The Man That Got Away. Músicas de grandes nomes do Jazz como Robert Graham, Eina Swan, Ira Gershwin e Frank Sinatra. Foi uma das primeiras excursões de Maysa ao mundo do Jazz em interpretações intensas e provocantes com a sua inconfundível voz grave e rouca.

Em 1962 Maysa fez mais duas gravações maravilhosas de grandes standards do Jazz, a primeira é uma verdadeira preciosidade: a misteriosa What’s New? da dupla Johnny Burke e Bob Haggart composta em um já distante 1939. A segunda é o maior clássico do Jazz Standard: a noturna e enigmática Round Midnight (também chamada de Round About Midnight) composta por um monstro sagrado do gênero Thelonius Monk e embelezada pelas mãos de Bernie Hanighen e Cootie Williams. É uma canção noturna, provocante e enigmática interpretada por meia dúzia dos maiores nomes da música americana como Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald e Miles Davis. A voz rouca e quente de Maysa deu á canção uma interpretação personalíssima, extremamente sensual e entorpecente, é sem dúvidas o melhor standard em sua voz, na minha opinião ela chega a superar a versão da grande Ella para este clássico do jazz.

Em 1964 Maysa fez uma histórica temporada na boate Au Bon Gourmet, felizmente celebrada em um LP ao vivo. Na primeira faixa ela emendava Demais -que veio a se tornar um dos maiores clássicos de sua carreira- com uma interpretação agressiva e passional de I’ve Got You Under My Skin. Um dos maiores clássicos do Jazz de Cole Porter na voz do grande Frank Sinatra. Ela nunca chegou a gravar a música em estúdio, mas este registro histórico deu a Maysa um status único de Jazz Woman na música brasileira, sua voz rouca e quente casava perfeitamente com o ritmo noturno e a batida glamourosa do gênero norte-americano caracterizado pelo improviso. Ela é sem dúvidas ao lado de Dolores Duran e Dick Farney os maiores representantes do Jazz no Brasil.

Uma de suas últimas gravações jazzísticas foi o clássico Just in Time. Nele, Maysa faz uma de suas melhores interpretações do gênero acompanhada de um arranjo magnífico de saxes e trombones semelhante aos dos mais soberbos musicais da Broadway.

Além de todas essas interpretações estonteantes temos que destacar outras que não foram citadas como: Autumn Leaves, What Are You Doing The Rest Of Your Life? e o Pot-Pourri Fantasia de Trombones.

6 comentários:

  1. IN-CRÍ-VEL

    Maysa no Jazz é DEMAIS, trocadilho infame ahahah, "Just in time" é fabulosa sem contar a perfeita interpretação de "Round About Midnight".

    Viva Maysa!

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  2. A voz, ah a voz
    rica e quente
    Embala em chamas
    O final de tarde, no céu em brasa
    Bocas úmidas, amantes loucos
    Dançando, ritmo sinuoso
    Ardendo, ardendo
    Para a noite que o apaga

    Viva Maysa!

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  3. Eu nem sabia que Maysa fosse tão boa quando atacava de jazzista.Ela ficou conhecida como cantora de fossa,ou dor de cotovelo.

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