22 de julho de 2011

Especial: Moda Maysa


Maysa era uma mulher de estilo. Até aí, todos sabem. Mas como é que Maysa se insere na moda? Qual era à moda de Maysa? Estive pensando, e refletindo sobre estas questões e conclui que Maysa além de muita atitude, era muita moda! Ela dizia não ser uma “vítima da moda”, e tampouco dar muita atenção a estas questões, dispensando as toaletes elegantes para os eventos chiques e shows. Primando pelo seu conforto e bem-estar. Mas isso não era de todo verdade, Maysa tinha um senso estético apurado, um refinamento exótico e muitíssimo bom gosto. Além disso, era mais antenada do que podemos pensar, e muito à par das tendências da época. Combinando muito isso a doses de ousadia e independência.
Por isso, na postagem de hoje, vou contar um pouquinho como era essa relação e como Maysa lidava com modos e modas.

Para explicar melhor e organizar nossa linha do tempo, resolvi dividi-la em 3 fases da vida da cantora: Anos 50, 60 e 70.

Anos 50
Maysa sempre demonstrou ter estilo e ousadia de sobra, desde a adolescência, impunha seu gosto e marca própria a tudo. Nunca foi uma jovem convencional, aliás, essa palavra não lhe caia nada bem. Aos 16 anos, já era uma mocinha que andava pelas ruas de calças compridas (absurdo na época), batom vermelho nos lábios, cabelos curtos e despenteados e sempre com um cigarro nas mãos. Obviamente, chocava quem quer que passa-se, ainda mais por sua posição social, mas também pouco se importava com o que os passantes iriam falar. Após o matrimônio aristocrático, Maysa até que tentou se adequar mais à nova posição de “mulher de sociedade”, adotando um ar mais senhorial nas roupas que em nada lembravam a idade real da moça. O cabelo também seguia a mesma linha, lembrando o estilo da estrela de cinema Elizabeth Taylor. Talvez, esses traços clássicos e a discrição – que ela manteve por toda vida – tenham sido a maior herança que guardou de quando um dia foi Matarazzo. Maysa também tinha uma predileção por acessórios dourados, grandes brincos de pressão, sapatos de salto alto e era apaixonada por pérolas, que usou por toda a vida, mudando apenas o design do colar. Ela chegava a usar colares e pulseiras de até 6 voltas! Outro fato curioso, é a obsessão de Maysa por anéis, há fotos em que ela aparece com até 4 anéis nas mãos e até 3 em num único dedo.
A mulher que dizia não se importar com as vestimentas luxuosas, afirmou tempos depois que possuía uma fortuna em vestidos. Tendo em seu guarda-roupa, modelos assinados por Chanel, Dior, Balenciaga e Denner e até peles! A cor forte de Maysa era mesmo o preto, não acho que seja só pelos quilos que adquirira dia após dia, mas também por que isso talvez refletisse seu estado de espírito e também acabava acentuando sua aura dark. Ela usava principalmente vestidos “tubinhos” (justos), e aqueles amplos, com saias no estilo “godê”,  mas também, saias “lápis” e o atemporal tailleur criado por Coco Chanel. Bem ao estilo dos anos 50. Não é verdade que seu cabelo vivia despenteado, como os jornais maledicentes comentavam. Os cabelos de Maysa eram apenas desalinhados com capricho. Até o fim da década, seu cabelo permaneceu entre o liso e o ondulado, porém curto, ora aloirado ou bem escuro, num estilo quase híbrido. Mas, era na maquiagem que Maysa se destacava. Os belíssimos olhos verdes eram destacados com delineador, nas duas pálpebras, no célebre estilo “gatinho” e os cílios cobertos por várias camadas de rímel, as sobrancelhas arqueadas eram grossas e marcadas a lápis. A pele era clara, e a boca ressaltada por um chamativo batom vermelho, em tom cintilante ou de sangue. O visual era lindíssimo, porém, aliado a sua aura – muitas vezes triste – dava-lhe uma aparência quase gótica, mas, belíssima. E assim foram os anos 50.


Galeria anos 50
(da esquerda para a direta) 1953 - 1954 - 1957 - 1959


Anos 60
Durante os anos 60, podemos acompanhar claramente as mudanças – e foram muitas! – de Maysa, sempre atenta ao contexto social que estava vivendo. No começo da década, vemos poucas diferenças em relação aos anos 50, o grande destaque que notamos é nos cabelos. Maysa, que agora adotara mechas ruivas aos fios escuros, também adotara um penteado volumoso e cheio, com muitas ondas e topete, Semelhante ao da diva norte-americana Marilyn Monroe e que marcaria este início de década. Até o meio dos anos 60, não veríamos mais nenhuma mudança significativa de Maysa, por pouco tempo. Em 1966, após temporadas na Europa, ela retorna ao Brasil completamente diferente. 30 quilos mais magra e bronzeada, os cabelos de Maysa estavam curtos, completamente loiros e super volumosos com mechas claríssimas e repicadas, num corte quase geométrico – era o clássico penteado anos 60 – semelhante ao da cantora italiana Mina Mazzini. Nas roupas, também vemos grandes mudanças. A antiga e displicente Maysa, que agora excursionava pelo mundo todo realizando shows nas mais badaladas casas noturnas das metrópoles da Europa e América, estava muito mais elegante nesta fase internacional, para mim, é sua fase mais bonita e charmosa. Ela agora parecia dar mais preferência aos vestidos longos, com estampas geométricas ou psicodélicas, semelhantes ao que Emilio Pucci fazia na época, um dos maiores hits dos anos 60. Ela também gostava muito de estampas florais coloridas e passou a adotar subsequentemente vestidos e saias mais curtas, acima dos joelhos. Maysa nunca gostou de roupas cheias de lantejoulas ou paetês, nem de bordados e babados. Preferia os vestidos de linhas simples, nunca quis que a roupa que estivesse usando, acabasse se destacando mais que ela. Maysa também passou a adotar elegantes e elaborados coques, semelhantes aos da diva francesa Brigitte Bardot. Também usava de um novo e popular recurso na época: as perucas. Outro look frequente de Maysa durante esta época, eram uma longa saia justa – na maioria das vezes de cor escura – e blusa masculina folgada dentro da saia. Maysa também acabou sendo uma transgressora até no âmbito fashion! Mas, ao mesmo tempo em que a víamos com look ousado, ela também podia ser extremamente clássica de conjuntinho liso de saia e tailleur, com direito a lenço de bolinhas pretas no pescoço. Ao voltar ao Brasil em 1969, embasbacou meio mundo com um belo e ousado figurino numa temporada no Canecão do Rio de Janeiro, entrando em cena com minissaia e blusa negra translúcida, coberta por franjas de vidrilho brilhante que a deixava com as pernas totalmente de fora. Na maquiagem, notamos algumas mudanças. O batom já não era um componente tão especial no look dos anos 60, usava-se tom claríssimo ou nem se usava e os olhos continuavam bem marcados por delineador preto. Maysa também passou a adotar o estilo marcante da britânica Twiggy, que cobria os cílios inferiores com muitas camadas de rímel e bastantes cílios postiços. Ao fim da década, Maysa estava com o cabelo comprido, um pouco abaixo dos ombros, na cor castanho-claro, quase loiro. O penteado volumoso com direito a um enorme topete (com o cabelo jogado para trás) a marcou para o resto da vida, com poucas variantes. Isso foram anos 60.


Galeria anos 60
1963 - 1966 - 1968 - 1969


Anos 70
O período entre o fim dos anos 60 até sua morte, é o qual menos notamos mudanças no visual de Maysa. Mas, se formos parar para avaliar com calma e comparar ao seu início, nos anos 50, poderemos dizer que era outra mulher totalmente diferente. As mudanças foram imensas, em todas os âmbitos. Maysa passou pela revolução comportamental dos anos 60, durante todo este período, inúmeras foram as mudanças no mundo da mulher, que mudou bastante nesse curto espaço de tempo. A moda mudou radicalmente, tendências se modificaram da noite para o dia, muitas coisas foram abolidas, outras permanecem até hoje. Maysa passou por todos os modos e modas. Bom, mas agora vamos voltar aos anos 70.

Gradualmente, Maysa foi adotando uma nova tendência que estava tomando conta do mundo no fim dos anos 60, e era trazida pela Revolução Hyppie. O movimento hyppie, além de sua forte conotação social, trouxe muitos modismos que marcaram toda década de 70, a influência indiana e oriental na moda, foi enorme. De uma ora para outra, todos passaram a adotar as inúmeras túnicas, batas e kaftãns, das mais simples, até as mais luxuosas. Maysa também entrou nessa moda, mas com muito bom gosto – nada exagerado, brega ou cafona. Os trajes “indianos” de Maysa, eram de extremo bom gosto. Ela agora, mais magra e bonita, usava vestidos mais coloridos (os anos 70 representaram uma explosão de cores) – em tons vivos e alegres, de amarelo, azul e vermelho. Maysa usava belíssimas túnicas e macacões longos, de mangas compridas, multicoloridos e bordados – até com pedrarias! Maysa também usava batas finamente bordadas e até clássicas em preto e branco. Seus kaftãns eram longos, de mangas compridas e largas, detalhadamente bordados e coloridos, com direito a longas franjas de amarrar. Eram roupas confortáveis, de extremo bom gosto, de tecidos finos, que evidenciavam um gosto muito apurado, e que a deixavam com uma aparência mais feliz e alegre. Como não poderia deixar de ser, ela também adotou a febre das calças boca-de-sino e não tirava dos pés suas longas botas de salto alto. Blusas de seda com mangas bufantes e saias com fendas, também entravam em seu guarda-roupa. Apesar de ter sido adepta de sandálias plataforma com saltos estratosféricos, que usava principalmente em shows. Na estamparia, usava principalmente a floral, bolinhas e animais (onça e zebra) – e assim Maysa permaneceu até o fim da década, sem grandes alterações. Na maquiagem, há mudanças. Os olhos continuavam bem marcados e delineados com lápis, delineador e rímel, mas agora ela não era mais uma jovenzinha, por isso, não há mais o famoso estilo “gatinho”. Maysa no começo, passou a adotar sombras coloridas e metálicas, e depois pouco a pouco, foi usando tons mais escuros e fechados, a sobrancelha agora era finíssima e se deixava apenas o desenho original, ou se fazia a lápis. Na boca, ela usava batons delicados em tons de rosa claro ou nude. No cabelo, o célebre penteado se manteve o mesmo até o fim de sua vida, as únicas mudanças eram no comprimento – ora comprido ou curto – e a cor, que variava do castanho escuro ao claro, algumas vezes com finos e belos reflexos. Isso foram anos 70. Modos e modas de Maysa!




Galeria anos 70
1970 - 1971 - 1972 - 1974













2 comentários:

  1. Maysa é e sempre será o meu maior idolo.Meus familiares não gostão que eu goste dela,dizem coisas ruins sobre ela,mas eu sei o quanto a amo,e nada,nada do que eles disserem vai mudar o meu pensamento sobre essa mulher que eu sei que sempre vai estar ao lado de quem a ama....

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