6 de junho de 2013

Especial: 77 anos de Maysa


77 anos de Maysa


"Minha infância foi muito alegre. Engraçado... Eu preferia brincar com os meninos, não com as meninas. Às vezes entrava em brigas feias, batia até neles. Mas, cantar, cantei sempre. Ainda menina, me lembro, ganhei um gravador de presente, todo vermelho. Olhava no espelho e me maquilava igual à Marilyn Monroe. Só cantava música americana. Mais tarde fugi de casa e fui gravar o que seria o meu primeiro disco. Fui junto com o Baby, famoso guitarrista do Oásis, uma boate paulista que era o lugar da moda nos anos 50. Gravei esse disco em 1951. De um lado, uma música americana, do outro, 'Se Eu Morrer Amanhã de Manhã'. Aí é que veio o convite do Roberto Corte-Real para gravar meu primeiro LP."


“Maysa, nome incomum, é um cripto de Maria Luísa enfeitado com um Y. O nome me foi dado por minha mãe em homenagem a uma grande amiga.  Todo mundo pensa que eu sou paulista. Vivi muitos anos em São Paulo, estudei no Sacré Coeur de Marie de São Paulo, meus mais moram lá, mas eu nasci em Botafogo, à Rua Visconde e Silva. Numa casa que ficava em frente à residência de Simoens da Silva. Eu acho que estive 10 anos interna estudando. Repeti a 2ª série para que me tirassem. E agora sonho quase toda noite que vou voltar para o colégio interno.”


Eu me casei muito moça: com 17 anos. Ele era 18 anos mais velho que eu, para mim muito mais pai do que marido. Não levei propriamente vida de sociedade, mas me sentia muito tolhida no meio daquela gente toda. Acabava tendo de jogar buraco, pif-paf, ir a boates... o que eu gostava era de cantar."


"Atenção, que o nome dele é Jayme, com y. É o meu maior amigo. Aliás, o único. Só que ele ainda não se deu conta disso. Está com 19 anos, de casamento marcado e tudo. Mas o melhor é que ele vai me fazer avó. Quero curtir esse neto como se fosse um outro filho. Meu neto será o filho que eu mesma não posso ter. Agora, quando as pessoas me procuram para elogios, para dizer que gostam do meu show, que estou muito bonita, essas coisas, digo sempre que é por causa do Jayme, que é para ele que estou cantando agora. É para o Jayme que eu dedico 'Dindi', por exemplo. Todo mundo tem o seu Dindi; o meu é o Jayme."



" Não procuro julgar ninguém. Esse mesmo respeito que exijo em relação a mim devolvo às pessoas. Não existe ninguém ruim. Que cada um faça o que entender e do que gostar, não importa o que. Perdoe o lugar-comum, mas nada tão certo como o princípio de que a liberdade de cada um termina quando começa a do outro. Por isso tudo é válido, desde que sincero e autêntico. Mas também nisso tudo não cedo num ponto. É quanto a burrice na sua totalidade. Esses de forma alguma deveriam existir. A pessoa que apela para a burrice não tem direito de viver. Essa, sim, é a maior e pior desgraça da humanidade."


"Se minhas músicas representam o estado da minha alma, até isso é verdade. Vivo-as todas as vezes que as interpreto. Se sou excessivamente romântica, não vejo desdouro nenhum nessa afirmativa. A vida sem amor é uma queda no vácuo".


"Quando eu era casada com o Matarazzo, eu nunca comunguei da cartilha dele, não, entende? Na minha casa, eu sempre recebi quem eu quis, sempre fiz o que quis, quando comecei a cantar recebia em casa todo o mundo que me dava vontade, quer dizer que nunca participei da vida de sociedade."


 "Sou assim: minha vocação explodiu dentro de mim como um vulcão. Por isso me considero inconsequente, incoerente, leviana, matusquela. Falam como se tudo isso pudesse mesmo de longe atingir os meus sofrimentos. Um dia, e na esperança desse dia, muitos dirão que 'afinal de contas não sou má pessoa'."


"Minha carreira artística é uma decorrência da minha vida. A minha vida é uma coisa muito importante. Deu muito pras pessoas, deu muito pra mim, talvez mais pras pessoas que pra mim. Eu somei muita coisa. Ensinei muita coisa pras pessoas, só não ensinei pra mim mesma."


Feliz aniversário Maysa Figueira Monjardim!

(6 de junho de 1936 - 22 de janeiro de 1977)

Não, não voltaria atrás em nada. Faria exatamente tudo igual. Se pudesse acrescentaria mais alguma coisa, igualzinha."

- Maysa

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